Um olhar diferente sobre o Sol
As fotografias do Sol com luz branca estão tiradas. E agora não seria fascinante ver as protuberâncias? Irá precisar de filtros especiais para isso.
Fotografia solar em luz Hα e de cálcio
Além da observação do Sol e da fotografia em luz branca, a fotografia do Sol em luz Hα e de cálcio é, para muitos astrónomos amadores, um desafio fascinante. Este tipo de fotografia permite visualizar estruturas das áreas de manchas no Sol ou também protuberâncias e filamentos.
Com a luz Hα consegue-se ver a camada de cerca de 2000 km de espessura da cromosfera, a qual se encontra acima da fotosfera, visível com luz branca na fotografia solar clássica. A observação é significativamente mais difícil, porque a sua luminosidade é apenas um milionésimo da luminosidade da fotosfera. Na cromosfera podem ser vistos fenómenos, tais como as protuberâncias e filamentos, mas também fáculas cromosféricas e erupções solares.
A largura a meia altura é importante
Para as observações é necessário um filtro Hα. É utilizado para deixar passar apenas certos comprimentos de onda: a luz do comprimento de onda de 656,28 nm, que é produzida quando um eletrão de hidrogénio salta da terceira para a segunda camada do átomo. À eficácia de um filtro deste tipo é aplicada a seguinte regra simplificada: quanto menor a largura a meia altura, mais detalhes são visíveis, mas há menos luz disponível. Os filtros com uma largura a meia altura superior a 1,Å (0,1 nm) só mostram protuberâncias no bordo do Sol, enquanto os filtros entre 0,8Å e 0,7Å mostram ainda filamentos e fáculas na superfície do Sol. Os filtros com uma largura a meia altura inferior a 0,6Å mostram também imagens mais detalhadas e de alto contraste da superfície do Sol.
Observação à luz de cálcio
Tal como a vista do Sol na banda estreita de luz Hα é muito diferente da vista em luz branca, a vista do Sol em luz de cálcio (luz Cak a 393,4 nm) é muito diferente da vista em luz Hα e luz branca. Uma das dificuldades na observação visual do Sol em luz de cálcio é o facto do olho humano, com a idade, se tornar menos sensível. Contudo, os chips CCD são normalmente suficientemente sensíveis, permitindo a documentação fotográfica da vista do Sol em luz CaK.
A técnica de captação
Não há diferenças entre a prática da fotografia Hα e CaK e a fotografia do Sol em luz branca. Também em luz Hα e CaK já se provou que o ideal é registar com uma câmara CCD várias centenas (ou milhares) de imagens do Sol no formato de filme e, a partir deste filme, com a ajuda do processamento de imagem digital, gerar uma imagem global otimizada. Na fotografia Hα e CaK de banda estreita, há ainda luz suficiente disponível para que o respetivo tempo de exposição das imagens individuais seja apenas frações de segundo e para que sejam criadas sequências de filme extensas em poucos minutos.
Seleção das imagens
Os objetos mais marcantes na fotografia solar Hα são as protuberâncias, as grandes explosões de gás hidrogénio que estão intimamente ligadas às manchas solares. O melhor ponto para se observar estas magníficas formações com os instrumentos mais económicos é o bordo do disco solar. O impressionante espetáculo da mudança de forma e intensidade já pode ser visto em poucos minutos e documentado fotograficamente ao longo de várias horas. Além das protuberâncias no bordo do Sol, os telescópios Hα de banda estreita permitem fotografar também filamentos escuros, ou seja, protuberâncias que não são visíveis para além do bordo do Sol. Além disso, as “plages”, também conhecidas como fáculas em Hα, surgem como regiões brilhantes em torno de manchas solares.
A fotografia do Sol em luz CaK revela (mesmo que mostre uma área da cromosfera, como a linha Hα) estruturas que são claramente diferentes da vista em luz branca e em luz Hα. Especialmente as erupções solares e as manchas solares podem ser fotografadas com alto contraste à luz da risca do cálcio.
Autor: Ullrich Dittler / Licença: Oculum-Verlag GmbH